Procalcitonina (PCT) no Diagnóstico de Doenças Infecciosas

Marcadores inflamatórios, como proteína C-reativa (PCR), ou de leucócitos (leucograma), carecem de especificidade para as infecções bacterianas. A PCT é mais específica e raramente aumenta no caso de inflamação de etiologia não bacteriana. (1)

Os dados existentes sugerem que os níveis de PCT raramente aumentam em resposta a infecções virais, porque a sua regulação é atenuada pelo interferon gama (citocina liberada em resposta a infecções virais), indicando que a PCT pode ser útil para a discriminação entre bactérias e vírus. (2)

Também demonstra relação direta com a carga bacteriana e gravidade da infecção, apresentando portanto, implicações prognósticas em pacientes com sepse. (1)

Adapted from Meisner et al. (Meisner M, Rotgeri A, Brunkhorst F.M. A semi-quantitative point-of-care test for the measurement of procalcitonin. J Lab Med 2000; 24:076-085.)

 

PCT nas PNEUMONIAS
(Rev Bras Clin Med. São Paulo, 2012 nov-dez;10(6):521-8):

–  PCT < 0,5 ng / mL: a infecção não é provável ou pode ser uma infecção bacteriana local ou viral. O início ou a continuação de antibióticos foi fortemente desencorajada.

– PCT entre 0,5 – 2,0 ng / mL: é provável a infecção. Iniciar antibióticos ou medir novamente os valores da PCT dentro de 6 a 24 horas.

–  PCT> 2,0 ng / mL: a infecção bacteriana é mais provável. Iniciar antibióticos e acompanhar os níveis de PCT diariamente.

–  PCT> 5,0 ng / mL: infecção bacteriana severa ou sepse são mais prováveis. Iniciar antibióticos parenterais e acompanhar: níveis de PCT foram reavaliados após 4, 6 e 8 dias. Antibióticos foram interrompidos de acordo com os cortes definidos acima. Em pacientes com valores elevados de PCT a admissão (ou seja, > 10 μg/L), o algoritmo recomendado foi suspender os antibióticos se os níveis de PCT diminuíram 80%, e altamente recomendada se os níveis diminuíram em 90% do valor inicial.

De acordo com o estudo de Hedlund, a PCT parece aumentar mais frequentemente quando a bactéria é piogênica do que quando é um organismo atípico ou intracelular. De fato, algumas infecções, especialmente devido a bactérias intracelulares, não são acompanhadas por um aumento na PCT, como a pneumonia por Mycoplasma.(5)

PCT também é eficaz na distinção entre infecções bacterianas e infecções fúngicas invasivas.

Os autores observaram que um PCT baixo (0,5 ng/ mL) combinado com uma PCR moderadamente elevada (300 mg / L), era 85% específico e 81% sensível à fungemia.

Assim, níveis elevados de PCR no contexto de um baixo nível de PCT devem levar em consideração a infecção não bacteriana. (4)

 

Procalcitonina na previsão de infecção bacteriana em pacientes com exacerbações agudas de Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica – DPOC.

Acredita-se que a infecção respiratória (bactéria ou vírus ou mista) seja a principal causa na maioria das exacerbações agudas de DPOC. Estudos mostraram que cerca de 30-50% das exacerbações foram causadas por infecções bacterianas. Ainda é difícil discriminar infecções bacterianas ou virais nesta situação.
Comparando valores de PCR, PCT e SAA (substância A amiloide) nesses pacientes para o diagnóstico de infecções bacterianas, concluiu-se que os resultados da PCT foram melhores que a PCR, tanto na sensibilidade quanto na especificidade.

 

TUBERCULOSE
Apesar da sensibilidade e especificidade apresentada em infecções bacterianas, a PCT não tem apresentado o mesmo valor na TB, tanto pulmonar quanto extrapulmonar. O comportamento da PCT na TB tende à normalidade, com valores médios abaixo de 0,25 μg/L, apresentando, portanto, valor para diferenciá-la de infecções bacterianas. Quando na TB apresenta valores mais elevados (> 0,5 μg/L), está associada ao aumento significativo da mortalidade.

 

Valor da procalcitonina em crianças febris e com ITU.

Infecção bacteriana em crianças febris.
O objetivo deste estudo foi determinar o papel da procalcitonina (PCT) como marcador diagnóstico de infecção bacteriana em crianças febris na idade de 6 meses a 12 anos de idade; este marcador foi comparado com a PCR e com a contagem absoluta de neutrófilos (ANC). O estudo mostrou que a PCT apresenta um desempenho melhor que o PCR e ANC na detecção de infecção bacteriana em crianças febris. (2)

 

Infecção do trato urinário.
Na tentativa de diferenciar pielonefrite aguda da ITU febril sem lesões renais em crianças, foram analisadas 100 crianças entre um mês e 13 anos. A PCT média foi significativamente maior na pielonefrite aguda (4,48 ± 5,84 μg/L) do que na ITU sem lesões renais (0,44 ± 0,30 μg/L).
Para a predição de pielonefrite aguda, a PCT apresentou sensibilidade de 83,3% e especificidade de 93,6%; a PCR apresentou sensibilidade de 94,4%, mas uma especificidade de apenas 31,9%. O valor preditivo positivo e negativo para a previsão de envolvimento renal, com a PCT, foi de 93,7% e 83%, e com a PCR foram 61,4% e 83,3%, respectivamente. (1).

O exame não exige jejum e o resultado é liberado no mesmo dia da coleta.

– Rev Bras Clin Med. São Paulo, 2012 nov-dez;10(6):521-8
– The Korean Journal of Internal Medicine Vol. 28, No. 3, May 2013
– Schuetz P, Albrich W, Mueller B. Procalcitonin for diagnosis of infection and guide to antibiotic decisions: past, present and future. BMC Med. 2011;9:107
– Leli C, Ferranti M, Moretti A, Al Dhahab ZS, Cenci E, Mencacci A. Procalcitonin levels in gram-positive, gram-negative, and fungal bloodstream infections. Dis Markers. 2015;2015:701480.
– J Respir Dis Med, 2019 doi: 10.15761/JRDM.1000101 Volume 1(1): 3-4
–    Int J Clin Exp Med 2018;11(7):7118-7124)
– Rev Bras Clin Med. São Paulo, 2012 nov-dez;10(6):521-
– Rev Bras Clin Med. São Paulo, 2012 nov-dez;10(6):521-8
– Brindha K et al. Int J Contemp Pediatr. 2017 Jul;4(4):1381-1388)