Uso Consciente dos Exames Laboratoriais

Recomendações de acordo com a Fundação American Board of Internal Medicine.

  1. Não utilize o exame para dosagem de mioglobina ou CK-MB no diagnóstico de infarto agudo do miocárdio (IAM). Ao invés disso, use troponina I ou T.
    Ao contrário da CK-MB e da mioglobina, a elevação da troponina I ou T é específica para a lesão cardíaca. Após a necrose do musculo cardíaco, a troponina é liberada na circulação antes da CK-MB e até antes que a mioglobina. Aproximadamente 30% dos pacientes com queixa de desconforto torácico em repouso e CK-MB normal serão diagnosticados com IAM, quando avaliados pela dosagem das troponinas. Uma única dosagem de troponina pode estimar a área cardíaca acometida e o nível de  gravidade do IAM. A extensa literatura fornece embasamento científico para uso exclusivo da troponina como teste laboratorial no diagnóstico do IAM, em detrimento do CK-MB e outros marcadores.
  2. Não solicite Waaler-Rose, substituído pelos ensaios atuais para dosagem do fator reumatoide por imunoturdibidimetria ou nefelometria, que apresentam o painel de IgGs mais abrangente, não empregam hemácias e sim, partículas inertes e têm maior sensibilidade e melhores resultados quantitativos.
  3. Não realize triagem com CA-125 ou ultrassom, para câncer de ovário, em pacientes de baixo risco do sexo feminino.

O CA-125 e o ultrassom em pacientes de baixo risco e assintomáticas, sem diagnóstico de câncer, não reduzem a mortalidade nestes pacientes. Resultados falsos-positivos acarretam a realização de exames ou procedimentos desnecessários e possuem riscos de complicações.

  1. 25-OH-Vitamina D: indicado aos pacientes com maior risco para deficiência de vitamina D:  idosos, gestantes, lactantes, pacientes com raquitismo/osteomalacia, osteoporose, pacientes com história de quedas e fraturas, causas secundárias de osteoporose (doenças e medicações), hiperparatiroidismo, doenças inflamatórias, doenças autoimunes, doença renal crônica e síndromes de má-absorção.
  2. Não realize exame de VHS para caracterização de um processo inflamatório em pacientes ainda sem um diagnóstico definido. Solicite uma  proteína C-reativa (PCR) quantitativa para detecção de inflamação aguda.
    A PCR apresenta maior sensibilidade e reflete especificamente a fase aguda da inflamação quando comparada à VHS. A PCR irá se elevar nas primeiras 24 horas da evolução da doença, enquanto a VHS poderá estar normal. Se o fator causal do processo inflamatório for debelado, a PCR retornará ao normal dentro de um dia, enquanto a VHS permanecerá elevada por vários dias.
  3. Não solicite múltiplos exames na avaliação inicial de pacientes com suspeita de doença tireoidiana. Solicite o TSH e, se anormal, prossiga com avaliação adicional ou tratamento dependendo dos achados.